Ao amanhecer do dia 11 de Agosto encontrava-me à vista de Terra, a
cerca de 5 milhas a NE da Estátua do Cristo Rei, que se situa num
monte a entrada da baia de Dili.
Ao aproximar-me de terra Timorense, e conforme combinado, surgiu a
lancha da GNR transportando jornalistas, entre os quais o Pedro
Valador, da RTP. Trocadas as primeiras saudações, navegando com bom
tempo, em mar calmo, o Hemingway percorreu as últimas milhas com
destino ao porto de Dili, onde ancorou por volta das 9 horas em frente
a praia.
Em terra diversas Entidades civis e militares, entre as quais o senhor
Embaixador de Portugal, Doutor João Ramos Pinto, que a frente de um
grupo de Portugueses empunhava a bandeira Nacional. Também lá estava o
senhor Presidente da Câmara Municipal de Torres Novas, o qual me
entregou uma bandeira do respectivo Município, assim como uma
importante representação dos Escuteiros Timorenses e representantes da
cooperação Portuguesa civis e militares.
Após breves palavras de boas vindas, expressas por muitos dos
presentes, teve lugar a entrega de um THAI, que assim simboliza a
fraternidade do Povo Timorense. De seguida, acompanhado pelo Pedro
Valador, fui aos diversos departamentos Governamentais a fim de
regulalizar minha entrada e do Hemingway na Nação Timorense. Durante
os poucos dias que estive em Timor, devo salientar o acompanhamento
que tive por parte da nossa Embaixada, do Jornalista da RTP Pedro
Valador, assim como do Antonio Pedro Rodrigues. Vi e vivi um pouco do
Timor que, agora, aos poucos renasce das cinzas! Falei com pescadores
e responsáveis Governamentais, nomeadamente Senhor Ministro da
Agricultura e Pescas, senhores Secretários de Estado das Pescas e da
Cultura, pelos quais sempre fui recebido com a maior deferência.
Em Dili visitei o aquartelamento da GNR, cujas instalações foram
inteiramente recuperadas pela própria GNR.
Na residência oficial do Senhor Embaixador, em recepção que este
ofereceu em minha honra, recebi os cumprimentos de Embaixadores de
diversos Países e organizações que trabalham em Timor (ONU IOM), tendo
mesmo o Embaixador de Cuba manifestado muito interesse na minha
viagem, inclusive convidando-me a passar por Cuba. Da Senhora
Embaixadora da Nova Zelândia tambem recebi maiores saudações, assim
como do Senhor Embaixador da China e da Indonésia. No final, e após
algumas palavras proferidas pelo Senhor Doutor Joao Pinto, agradeci
num discurso breve, fazendo entrega de um livro com paisagens dos
Açores, assim como a bandeira da Região Autónoma dos Açores. Pela
chanceler da nossa Embaixada, Doutora Maria de Fatima foram os
presentes obsequiados com canções do folclore Açoriano. Neste pouco
tempo da minha passagem por Timor fiquei com uma visão mais clara a
cerca da real situação deste País. Em Timor sempre me senti na mais
completa segurança, quer na cidade de Dili, quer mais pelo interior
quando vi os campos de arroz, as plantações de café e do cravinho. Por
todo o lado encontrei boa gente que com muitas dificuldades sobrevivem
na esperança de melhores dias. Visitei o cemitério de Santa Cruz, que
tal como sabemos foi palco de uma das maiores atrocidades que este
Povo sofreu. Estive, também, no Museu da Resistência. Timor tem
óptimas condições para, no contexto das Nações vizinhas e Mundiais, se
tornar um importante polo de atracção turística; tem importantes
recursos, a principiar pelo seu Povo, pelo clima, pelo mar que
conserva uma importante flora e fauna marinha e tem petróleo! As carências são inúmeras, mas com o apoio manifesto de Países como
Portugal, Cuba, Nova Zelândia, Austrália e outros certamente que a
situação irá se inverter, transformando Timor num País próspero e rico.
Em Timor fui recebido por Sua Excelência, o Chefe de Estado e prémio
Nobel da Paz, Doutor José Ramos Horta, que fez questão de vir a bordo
do Hemingway, inteirando-se, assim, das condições em que navego a
volta do Mundo neste pequeno veleiro, o qual, pela primeira vez,
aportou a Dili com seu único tripulante Português. Sua Excelência
ofereceu-me um terço que a irmã Lúcia (uma das videntes de Fátima) lhe
havia oferecido. Assim, com todo o simbolismo, o Hemingway transporta
esta relíquia que irá passar meio Mundo até chegar as ilhas Açores,
pelo Espírito Santo de 2009.
Dia 20 de Agosto, pelas 15h locais
levantei ferro, partindo com destino a Bali. A bordo, e até a saída do
Porto de Dili, seguiam Sua Excelência Doutor José Ramos Horta, o
Embaixador João Ramos Pinto, o Pedro Valador e outro jornalista, um
importante representante da FRETILIN e o Antonio Pedro Rodrigues. A
guarda de honra coube as duas lanchas patrulhas da marinha Timorense,
oferecidas por Portugal. Os meus passageiros de momento foram
transportados para terra pela lancha da GNR.
Desta memorável passagem por Timor guardo as melhores recordações,
esperando um dia voltar!
Que por Timor soprem ventos de Paz, de Liberdade, de democracia e de
prosperidade para seu Povo.
VIVA TIMOR LIVRE E INDEPENDENTE!
Desde Oceano Índico, navegando entre Timor e Bali.
Genuíno Madruga
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