Meus caros amigos
Takaroa, um dos muitos atóis que formam o Arquipelago de Tuamotu, na Polinesia Francesa, é um dos que se situam mais a Norte, ficando, assim, na rota dos veleiros que desde as ilhas Marquesas se dirigem ao Tahtiti, Morea ou mesmo Bora Bora. Na entrada ou passagem que dá acesso à Lagoa, situa-se o cais de acostagem onde de três em três semanas chega um navio de pequeno porte que DESCARREGA mercadorias diversas, automóveis, combustíveis, frutas e outros viveres, como seja a carne e frangos congelados. Também foi neste cais que atracou, durante o fim-de-semana, um barco com cerca de 30 metros, inicialmente construído para a pesca mas que agora se dedica ao 'nacre' e que pertence a uma empresa aqui instalada 'Farmer Pearles'. A populaçao, que em 2001, aquando da minha primeira viagem à volta do Mundo, era de 700 pessoas, que na sua quase totalidade se dedicavam ao cultivo das ostras com meios semi-artesanais, hoje é de aproximadamente 2000 pessoas, incluindo muitas crianças que vivem tambem do 'nacre', agora mais industrialmente. As casas em madeira, construídas em cima de estacas na lagoa (único sítio minimamente seguro em caso de ciclone) deram lugar a pré-fabricados construídos também em cima de estacas de cimento, mas fora da lagoa. Todas as casas têm cisternas, a única água doce que existe num atol é a da chuva. Também muitas têm painéis solares. Os poucos pescadores que têm licença ou não para pescarem fora da lagoa queixam-se da falta de peixe que outrora era abundante (tunideos). Por todo o lado, há coqueiros fazendo-se o aproveitamento do óleo de copra, cujo preço no mercado tem vindo a aumentar, contrabalançando um pouco a substancial queda de preços e de procura das pérolas. Mesmo sem muitos dados e pelo pouco que vi, das conversas com as pessoas, posso concluir que se por um lado a crise economica 'exportada' pelos Estados Unidos, a contínua desvalorização do dólar, a par da chegada a este pacato e pacífico lugar de grandes empresas ligadas à produçao e comercialização das pérolas do Pacifico, levará a curto prazo ao completo desaparecimento dos pequenos produtores de pérolas, com a alteração substancial do modo de vida das amáveis gentes destas ilhas 'encantadas'. Aqui reencontrei a familia Goding, a Ahura e seu marido Noel, que antes trabalhavam no 'nacre' com meios semi-artesanais. Hoje já não! Na vila de Teavaroa há mais negócios e, curiosamente, passados sete anos, encontrei algumas coisas mais baratas. Os Mormons construíram uma Igreja nova (que pode levar toda a populaçao da ilha), a estação de correios continua igual assim como o cemitério. A escola foi aumentada e a Prefeitura mudou-se para um pré-fabricado, enquanto novas instalações nao estiverem construídas. As pessoas e as crianças continuam amáveis, a saudarem quem encontram ou por quem passam, à excepção do chinês. Enquanto nas Marquesas cada vez chegam mais veleiros, em Takaroa acontece o contrário!
De Takaroa seguirei com destino a Huahine onde também estive em 2001.
Desde Pacifico Sul, Arquipelago des Tuamotu, les iles du Roi Georges.
Genuino Madruga
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