Passado Agosto parti da ilha do Pico com meu veleiro, para mais uma viagem em solitario à volta do Mundo. Chegado às ilhas de Cabo Verde tive o grato prazer de encontrar Frei Humberto, máximo dirigente do movimento escutista, que desde logo me acompanhou e ajudou em todo o necessário. De Cabo Verde segui para Santa Catarina, no Sul do Brasil, atravessando o Atlântico de Norte para Sul e de Leste para Oeste. No Brasil fui recebido por diversas organizações do movimento escutista, acontecendo o mesmo no Uruguai, Argentina e Chile. Tive a oportunidade de falar acerca de minhas viagens e, sobretudo, destas nossas lindas ilhas, para muitos companheiros e companheiras escutas. Meu barco tem o nome Hemingway porquanto transporta a mensagem que Ernest Hemingway nos deixou com a sua obra emblemática 'O Velho e o Mar'. No mastro, bem lá no alto, a bandeira azul com a flor de liz.
Meus caros amigos, a viagem do Hemingway à volta do Mundo insere-se, tambem, nas comemorações dos cem anos do movimento escutista. Nos dias que correm, cada vez se torna mais imperioso que o escutismo seja um veiculo de aproximação de todos os que defendem a paz ao invés da guerra, a solidariedade, para que, neste nosso Mundo, se possa viver sem fome, sem analfabetos, sem o cada vez maior número de milhões de famintos! Hoje, meus amigos, campos que eram destinados ao cultivo de cereais são para outras
plantas destinados, tais como por exemplo o milho, que serve para bio-combustível em vez de servir para a alimentação, encarecendo-se assim os preços a tal ponto que muitos mais milhões de seres humanos irão engrossar as fileiras dos famintos e, consequentemente, daqueles que morrem à fome! Recentemente o Secretário Geral das Nações Unidas alertou às 'consciências adormecidas' para situações de Países como o México e muitos Africanos e Asiáticos que, por um lado, devido a factores naturais (secas ou inundações) e, por outro, com a transformação de cereais em bio-combustíveis, as populaçoes irão sofrer ainda mais o flagelo da fome, sendo que muitos, sobretudo as crianças, irão, em maior número, morrer à fome!
No mar, neste imenso Oceano, a situação de quase inexistência de algumas espécies de peixes, outrora abundantes, também não augura nada de bom. Comparando dados de capturas referentes à minha primeira viagem em 2001, posso concluir que o Oceano Pacifico, o maior do Mundo, se encontra sofre-explorado. Só com medidas eficazes de combate à pesca clandestina (representa cerca de 30% do total de capturas) de limitação efectiva ou até mesmo interdição da pesca com redes de emalhar de deriva e de cerco, se poderá fazer com que este agora já quase 'morto' Oceano volte a ter peixe e, consequente, abundância de vida. Refiro também que não tenho avistado qualquer espécie de golfinhos que por estas paragens eram em grande número.
Caros companheiros e companheiras, desde este imenso Oceano, agora bem mais Pacífico, navegando por entre ilhas e Atois, com este sol e calor da Polinésia, após as tormentosas e geladas águas do Cabo Horn, neste mar que a todos nos une, um grande abraço com meus mais sinceros votos de BOM MAR QUE NOS UNE!
MAIS ALÉM, SEMPRE ALERTA
Genuíno Madruga
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